sexta-feira, 7 de junho de 2013

Novas mães, novos pais.

Nunca fui de escolher o caminho mais fácil. Não que eu escolha o menos percorrido, mas muitas vezes, aos olhos dos outros, parece que eu gosto de complicar. Mas hoje vejo que faz sentido a frase do Einstein: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais retorna ao seu tamanho normal."
Durante minha eterna busca entrei em contato com várias ideias que me fizeram e continuam fazendo sentido. E isso me permitiu em alguns momentos, observar mudanças de paradigmas surgindo. E o que tenho visto agora é o surgimento de novas formas de se exercer a maternidade e a paternidade.
Ultimamente tenho lido bastante relatos e opiniões de mães que reconheceram e assumiram seu caminho na maternidade mas que ao mesmo tempo não querem abrir mão do seu lado profissional.
E o que elas nunca deixam de mencionar é que sem a ajuda e o apoio do pai ou companheiro, sua empreitada não seria possível.
A Lígia, do "Cientista que virou mãe", comenta em vários dos seus posts que só consegue manter o doutorado e cuidar da filha, graças a ajuda do pai, que também trabalha em casa. Outros relatos de mães em seu site também citam a mesma coisa: sem uma ajuda de fora, em especial o pai/companheiro, mas também de avós, tios, amigos, não teriam como chegar onde chegaram.
Em outro relato, desta vez encontrado no site do Liga La Leche Internacional, uma ONG de apoio a amamentação, existe um link sobre mães que amamentam e decidiram encontrar outro trabalho para poder ficar mais tempo em casa dando a atenção que os filhos precisam. Todas elas contam da decisão conjunta entre pai e mãe, sobre a mãe ficar em casa, e como isso as tranquilizou.
Novas formas de trabalho estão surgindo, e a maternidade empreendedora é uma delas.
Mãe+filhos em casa sempre foi a realidade na história da humanidade. E era assim pois dessa maneira a raça humana tinha mais chances de evoluir como espécie, lá nos primórdios... Essa é uma explicação que cabe em muitas situações da maternidade, como demonstra o pediatra Carlos González em seu livro Besame Mucho.
Mas a modernidade mudou isso e hoje muitas mães e pais preferem deixar seus filhos em creches, escolas ou com babás e seguirem firmes em suas carreiras.
Mas outras mães são tão sacudidas pela maternidade que preferem abrir mão de uma carreira profissional e um estilo de vida "normal", para poderem se dedicar também aos filhos.
Há também aquelas que trabalham por necessidade, e para essas não há opção de escolha, infelizmente.
Mas para todas elas, ter alguém nos fundos, seja uma empregada doméstica para cuidar dos afazeres da casa, seja uma babá, sejam os avós, ou seja o marido, que nas horas vagas cuida do filho para a mãe poder trabalhar é uma realidade inegável. Aqui tem vários exemplos de como mães, pais e família lidam nos casos em que a mãe deseja prover cuidados diários aos filhos e ao mesmo tempo trabalhar.
Observa-se então que esta nova realidade de trabalho se constrói juntamente com uma mudança de paradigmas na sociedade.
Bem grosseiramente falando, antes a mulher não podia trabalhar, era preciso ser submissa ao marido e cuidar da casa, era a mãe doméstica. Depois, a mulher conquistou um espaço no mercado de trabalho, e surgiram as mães trabalhadoras. Hoje, num movimento de retorno às raízes, cada vez mais comum em vários aspectos, surge a mãe empreendedora, que busca uma nova forma de trabalho para conciliar com a maternidade que pulsa em seu coração, e também fora dele, naquela criança que sorri ao te ver por perto após uma situação complicada.
Numa das minhas pesquisas encontrei um manifesto de apoio a maternidade, muito bonito, com imagens e frases que exprimem muito bem o que as mães sentem!







Eu então procurei a página do grupo, que se vê abaixo em todas as fotos, mas a página não existe mais... e não consegui descobrir que fim levou. Mas encontrei essas imagens aqui.
No mesmo sentido da valorização da maternidade, existe o surgimento do novo pai, já comentado aqui e aqui, e também poetisado por Carpinejar aqui.

Nas palavras de Lígia, defendendo a paternidade ativa e contando o seu caso:
"Isso é fruto da disposição dele de atuar, de estar junto, de estar presente, mas também foi e é fruto de nossas escolhas e lutas e da minha aceitação. Procuramos apoio na gestação, no parto e no pós-parto. Mudamos a vida de forma que a participação dele fosse valorizada. Ele transferiu para a casa a totalidade de suas atividades - perdendo, nessa, um bom número de interações que lhe trariam mais trabalho e mais dinheiro. Eu soube acolher essa incursão na criação da nossa filha."
Na revista TPM, a autora comenta:
"Já o novo pai é filho da revolução feminina. Para ele, homens e mulheres têm direitos iguais, mas, na maternidade, a mulher é mais poderosa: é ela quem gesta, pare e amamenta. Resta a ele correr atrás do prejuízo: ser parceiro na gravidez e engravidar também; ir às consultas médicas; fazer cursos de pais; estar ao lado da mulher no parto para cortar o cordão e, logo depois, dar o primeiro banho na criança. (...) Para o novo pai, trocar a fralda das seis da manhã ilumina o dia. Passar o dia fora de casa é morrer de saudade. Chegar do trabalho e dar banho de chuveiro no filho é sua dose de transcendência diária."
E termina prevendo:
"Ainda não sabemos as consequências desse acréscimo amoroso, mas eu acho sortuda a criança que nasce com um pai disposto a limpar-lhe a bunda com franco sorriso no rosto. Certamente isso há de ter efeito na autoconfiança, na coragem para encarar o mundo e, sobretudo, na capacidade de amar desse futuro adulto que, no seu tempo, tornar-se-á um pai ou mãe ainda mais preparado para cuidar."

Carpinejar, contando sua experiência e nos mostrando a beleza do cotidiano, diz:

"Foi untando os dedos de hipoglós que valorizei o uso do perfume, foi juntando meus pedaços que me formei inteiro.Só com a paternidade aprendi a esperar, aprendi a abandonar o egoísmo, aprendi a planejar presentes, aprendi a ser provisório e não mais idealizar encontros, aprendi a aproveitar o tempo que eu tinha e o tempo que podia, aprendi a não reclamar à toa, a não mais diferenciar a janela da porta e o amor do perdão.Só aprendi a ficar de pé depois de ser pai, antes minha fé apenas engatinhava."

Esses trechos nos mostram que não são apenas as mães que mudaram, mas também os pais. E na minha opinião, isso é um sinal de que estamos evoluindo como sociedade. Ao apoiar e amparar as necessidades do novo ser que se forma, também evoluímos, e deixamos uma herança inestimável: a do amor e do cuidado com o outro. É "amar uns aos outros, como a ti mesmo". 
E é isso que não quero deixar escapar. 




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