terça-feira, 28 de maio de 2013

Reconhecendo

Há pouco mais de 1 ano, vivi a experiência pelo qual esperei (inconscientemente) a minha vida toda. O nascimento do meu filho.
Não tinha grandes expectativas com eventos normalmente grandiosos e valorizados pela nossa sociedade, como entrar na faculdade, formatura, mestrado, festa de casamento, etc. Sempre dei importância a estas coisas, como ritos de passagem, e sempre vivi intensamente cada um desses momentos, e claro, sou muito grata por todos eles. Porém, talvez por não vislumbrar nestes eventos algo de transformador, de mágico, de divino, embora todos eles tenham, em diferentes proporções, estes elementos. Mas não tudo junto.
Mas o nascimento do meu filho era o momento mais sonhado, mais esperado, mais desejado, mais imaginado, para o qual eu me preparei, me informei (talvez até demais), e tinha um desejo profundo de que fosse algo significativo. Mas significativo não define o que quero dizer. Eu queria que o parto fosse o momento mais sereno, mais tranquilo e mais cheio de amor, para receber o meu filho, que ele sentisse logo na sua chegada o quanto é amado. Era isso que eu queria.
Se fosse para me apropriar de uma experiência, materializar meus desejos, seria mais ou menos assim: http://youtu.be/vcgp_u11yEg
Mas não foi isso que aconteceu.
E até hoje eu revivo essa experiência todos os dias, tentando entender, como tratando de uma ferida.
E como em alguns momentos, passo por fases: revolta, aceitação... e espero finalmente chegar na transformação.
Neste momento, consigo reconhecer as coisas.
Reconhecer que sofri de uma coisa que se chama violência obstétrica.
Reconhecer que talvez me informei demais, e minha cabeça não deixou as coisas acontecerem naturalmente, tamanho era o meu desejo e minha apreensão de que fosse assim.
Reconhecer que sim, as coisas são como devem ser. Mas o que faremos com elas depois que acontecem é que fará a diferença.
Reconhecer que a experiência do parto foi sim transformadora, e que inconscientemente eu já me preparava para ela muito antes de sequer imaginar que um dia isso iria acontecer.
Reconhecer tantas outras coisas, a cada relembrar daquele dia. E agradecer, cada vez que vejo meu filho rindo, feliz e saudável.
Re-conhecer a pessoa que estou me tornando (não que antes eu conhecesse, veja bem), e que para isso, é preciso materializar meus pensamentos, escrever, discutir, errar, começar de novo, quebrar a cara, ver resultado, e continuar no caminho. Porque continuar do jeito que está não dá.

E hoje, é isso que precisa ser apreendido.