quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

o que eu acredito

Há algum tempo tenho tido uma dificuldade imensa para lidar com as coisas que eu acredito e colocá-las em prática.
Muitas das coisas que eu acredito não fazem sentido para as outras pessoas. E vice versa.
O problema é que na grande maioria das vezes eu sou tomada por uma fúria que ainda me domina, quando as pessoas não concordam com a minha opinião sobre a melhor atitude a ser tomada naquele momento. Especialmente quando essa atitude vai interferir no bem estar de outra vida. E quando a ação, a atitude não dependem diretamente de mim.
Talvez essa fúria seja o acúmulo de coisas que fui negligenciando ao longo dos dias. E que ultimamente saltam de dentro de mim para garantir que não serão mais negligenciadas.
E ao mesmo tempo, eu negligencio outra coisa... o cuidado da comunicação. O tom de voz, a compaixão, as palavras em paz, a serenidade, .
Creio que essa deva ser a reflexão que merece ser apreendida neste final de 2009. Pacificar essa batalha dentro de mim, do cuidado com a vida e do cuidado da comunicação. Do respeito e da atitude. Do agir e do refletir, do calar e do esguelar, enfim, dos extremos. Como é e como sempre foi e provavelmente sempre será...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

temas complexos: vegetarianismo - parte 1

Sempre fugi de discussões homéricas que nunca levam a uma conclusão como religião, política, gosto musical e afins.
Mas, recentemente tomei conhecimento de uma campanha lançada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) que em parceria com a prefeitura de São Paulo, promove a Segunda Sem Carne.
Achei muito inteligente o slogan da campanha e gostei da arte do logo também :)

Então, contrariando minha resistência de me meter em assuntos polêmicos, coloquei essa imagem no meu orkut.

Falo da minha resistência pois a maioria das discussões que vi sobre assuntos polêmicos acabam caindo na agressão pessoal, na disputa do: "o meu é melhor!" Mas então me lembro de uma frase do Eduardo Borba, um senhor que trabalha com cavalos. Ele diz que para montar um cavalo, devemos deixar o ego de fora, pois ele pesa muito quando estamos em cima do animal. Acredito que nestas discussões polêmicas isso poderia ser aplicado também.

Qual não foi a minha surpresa em receber um comentário de um amigo de faculdade, sobre a proposta do Segunda Sem Carne. Fiquei muito feliz, pois era uma oportunidade de tentar aplicar o princípio de não levar as coisas pelo lado pessoal, tentando compreender o ponto de vista do outro e a troca de informações. Meu amigo questionava porque deveriamos abandonar um hábito que sustentamos há milênios como o de comer carne e que nos levou a evolução nos primórdios do desenvolvimento da espécie humana.

A sincronicidade foi que nesta semana eu estava me questionando o, digamos, "gatilho" que havia me feito pensar em me tornar vegetariana. Então me lembrei que ao conhecer um vegetariano, eu me sentia mal em comer carne quando perto dele, como seu eu fosse agredi-lo com a minha alimentação. Complexos psicológicos a parte, isso me levou a buscar mais informações sobre "ser vegetariano". Entre filmes, leituras, pesquisas e conversas, tomei minha decisão. Em 01/01/2007 eu adotei o ovo-lacto-vegetarianismo. Meu amigo vegetariano dizia que as razões para se tornar vegetariano eram muito pessoais, e eu nunca fiquei sabendo da dele.

Ele tinha razão. É muito pessoal. Após assistir o classico do vegetarianismo no Brasil, o filme A Carne é Fraca, do Instituto Nina Rosa, ainda não me convenci. Como sou Médica Veterinária, minha visão quanto a alguns procedimentos mostrados no vídeo era outra, e eu entendia o porque dos procedimentos, coisa que o video não mostra. Por ser enfático no sensacionalismo, eu sabia que precisaria de algo mais consistente para me convencer. Foi então que me recomendaram o filme Terráqueos (Earthlings) e após chorar de remorso e culpa, estava decidido. Eu deveria fazer o que pudesse para mudar meu papel no sociedade. Também li alguns livros como Alimentação Vegeteriana: Chega de abobrinha, de autoria do mestre DeRose. E procurei me informar sobre o aspecto nutricional da nova dieta que eu pretendia adotar. O meu maior motivo na época era o impacto ambiental que a indústria da carne provoca no meio ambiente. O gasto de água, a devastação de áreas, a poluição gerada com os dejetos suínos, e a criação de gado. Devo enfatizar que esse aspecto ambiental eram dados que eu já tinha, pois como falei, sou formada em Medicina Veterinária e visitei granjas de suínos e abatedouros. Existem alternativas no caso do dejeto dos suínos, como os biodigestores. Mas o preço de um sistema desse era considerado pela grande maioria dos produtores como sendo inviável, apesar dos benefícios que traria para o meio ambiente e para a prória propriedade, pois é gerado energia elétrica a partir do processo. Para os abatedouros, existem as lagoas de tratamento, que nem sempre são utilizadas para tal fim. E o desperdício de água potável no abate dos animais me assustavam. Mas, eu ignorava esses dados como sendo parte da engrenagem do processo e não via alternativa para tal prática.

Não posso deixar de mencionar, que neste meio tempo eu passei no concurso de mestrado e fui trabalhar com qualidade de carne. Sim, carne. Tive meus motivos para isso, e o assunto mereceria um outro post a respeito. Mas aos curiosos de plantão, eu consegui terminar o curso.

Como, graças as forças do universo, o mundo dá voltas, eu descobri que poderia sim, fazer alguma coisa para o meio ambiente.

Parar de comer carne era uma delas.

E com isso descobri como era alienada quanto a questão de alimentação e novos sabores. Descobri a variedade de vegetais e temperos, e como a conjunção de alimentos nos traz algo totalmente novo. Isso foi muito marcante para mim, que sempre busquei o diferenciado. Lia sempre sobre pessoas comentando como se sentiam melhor em não comer carne, como estavam mais leves. Eu não sentia nada disso, só me maravilhava com a possibilidade infinita de variar minha alimentação!

Aos poucos fui percebendo o quanto deixei de experimentar novos sabores enquanto comia carne. Pois não conseguia comer apenas a deliciosa macarronada sem que tivesse uma carne junto. Mecanismo adaptado ao corpo. Ao me propor uma nova visão, as oportunidades apareceram!

É claro que eu ainda tinha vontade de comer carne. Principalmente quando eu ficava brava com alguma coisa, ou quando via alguma propaganda do McDonald´s mostrando aqueles hamburguers tentadores!
Mas, porém, contudo, entretanto, eu era muito orgulhosa para cair em tentação. Imaginava que seria como um vício. Ou que não me fortaleceria comer carne, pois sempre fica aquela voz no fundinho dizendo: "Ah, mas você já comeu aquela vez, coma agora de novo". E como eu não havia parado aos poucos de comer carne, eu cortei tudo a partir da data que havia estipulado: peixe, gado, galinha, suíno, e derivados, não caberia uma recaida no meio do meu caminho de tentar salvar o planeta.
Mas minha mãe tem razão, junguianos pecam pelo excesso. Tá na hora de parar o post.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

será que um dia direi isso é tudo que sempre sonhei?

Será? Tanta coisa que sonho. Tanta coisa que gostaria de apreender, de aprender, de ver, viver... Não vai ter como tudo isso acontecer ao mesmo tempo. Não mesmo!
Já dizia Sal Paradise, em On the road (Pé na estrada) do Kerouac:
"gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteiro e fico todo enrolado correndo de uma estrela cadente para outra até desistir"
Mas o fato é que não tenho um sonho. Uma imagem estática que quero atingir... Quero várias coisas, e o que acontecer vai ser muito bem vindo!
Talvez tenha pequenos sonhos, pequeninos... Ter um cantinho pra mim, um trabalho legal, conhecer lugares.
Mas não são coisas que imagino e fantasio. Claro, já me imaginei na Itália, em Buenos Aires, Paris, morando em Nova York, conhecendo a Polônia... mas não são coisas que persigo... será que dá pra entender?
Ter tudo isso seria muito legal, mas se não tiver, sei que vão ser outras coisas que talvez eu esteja precisando mais.
Talvez sejam sonhos diários. Hoje sonho em poder ler o jornal, ler um pouco do livro, fazer algum artesanato criativo, ter paciência com as pessoas e comigo mesmo, meditar. Que o tempo continue fresco, que o almoço seja gostoso, que o insight salvador apareça e eu descubra o que vim fazer nesse mundo...
Um passo de cada vez, tentando desacelerar o meu mundo e o mundo a minha volta.
Já fui de ficar apavorada: "Caramba, 25 anos nas costas e eu não fiz nada ainda". E isso ainda me pega... Mas já sei que ficar apavorada não adianta. Mudar de estratégia talvez. Descobrir meus sonhos e minha bem aventurança.
Apreendido!






Photo by: Alice Dalton Brown

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ron

Na minha curta temporada em Vancouver (B.C., Canadá), conheci uma figura. Um negro, alto, careca e de óculos. Vegetariano, fã do Obama, de gadgets, e de fofocas dos famosos. Usava camistas de times brasileiros (ele tinha uma tática ótima para ganhá-las: quando os alunos reclamavam da sua camiseta ele dizia: É simples, é só você me dar uma melhor!). Outra coisa que era uma delícia, ele combinava com a a turma: se você chegava atrasado na aula, na próxima vez vc teria que trazer comida... lanchinho pra turma! Fantástico! O estilo de professor que eu adoro: dinâmico, divertido, antenado... E esse tinha uma característica que me chamou a atenção, ele percebia as pessoas! E procurava ajudá-las de uma maneira fantástica, tanto que até eu, saí um pouco da bolha e fui tomar conselhos com ele.

A sua sala de aula era cheia de posters motivacionais e tinha um do Michael Jordan que eu adorava que dizia:






"I've missed more than 9000 shots in my career. I've lost almost 3000 games. 26 times I've been trusted to take the game winning shot and missed. I've failed over and over again in my life. And that is why I succeed."




Quando o Obama venceu as eleições dos Estados Unidos, a sala ganhou um novo poster.




" Our destiny is not written for us, but by us."

E alguns outros que não achei as imagens para compartilhar neste espaço. No final tem a foto da turma na sala.

Então, um dia eu perguntei-lhe o porque dos posters. Ele me respondeu rapidamente: Eu descobri que o que impede as pessoas de fazerem as coisas é o medo. Os posters são para ajudar as pessoas.

Bum! Eu não concordei inicialmente... Medo? Só isso?

Mas, como eu adoro esses posters e eles provocam um impacto em mim, acabei comprando dois na lojinha que tinha no shopping.

O Ron também nos fazia ler qualquer coisa e levar o que tinhamos lido no dia anterior e contar para os colegas. Foi assim que descobri o Brasil e o desmatamento da Amazônia no jornal grátis de Vancouver. Foi graças a ele que eu fiquei sabendo da existência dos Baby Boomers e das "causas" da crise mundial.

Foi ele também que me deu uma das melhores definições de pessoas introvertidas e extrovertidas. Pessoas introvertidas "ganham energia" quando estão sozinhas. Pessoas extrovertidas "ganham energia" quando estão entre outras pessoas.

E hoje, com a inércia me dominando mais uma vez eu pensei no medo que impedia as pessoas de fazerem as coisas e percebi. Ele tem razão.

Só que o medo toma tantas formas que ele fica fantasiado e difícil de perceber. Mais difícil ainda de lutar contra ele...

É Ron, você merece ser apreendido.




segunda-feira, 14 de setembro de 2009

origens

Confesso que a inspiração para este blog me veio não sei de onde. Mas, como nada é criado do nada, remexendo minha caixa, encontrei um texto que ficava pregado no meu mural antigamente, e então tudo fez sentido!



Aprenda com você



Perceba o que à sua volta se encerra.

Não de entendimento ao que não deve ser entendido. Só aprenda oo que tem que lhe ser ensinado.

Busque somente o valor das ações em que encontrares alguma luz.

Que brilho pode encerrar um diamante que não podemos tocar, que não nos pertence!

Que luz você poderá ver brilhar só para si, se as luzes não são para os indivíduos mas sim para a coletividade?

O que busca, que suas mãos não podem alcançar, ou seus olhos não podem ver?

Apreenda o que deve ser apreendido.

Abre os olhos para que a cegueira dos outros não o ceguem também.

Feche seus ouvidos para palavras que nada podem acrescentar ao seu espírito.

Deixe as misérias do mundo para o mundo.

Viva a sua miséria, e aprenda com ela, pois só ela o fará crescer, só ela lhe dará a chave para dela sair.

Aprenda somente com a sua existência. A dos outros, basta a eles.

A cada um, segundo suas obras.



Desconheço o autor.


sábado, 12 de setembro de 2009

o aqui e o agora

"A coisa mais importante é o aqui e o agora. Este é o momento eterno, e se não o percebes, perdeste a melhor parte da vida, perdeste a percepção de que és portador de uma vida contida entre os pólos de um futuro inimaginável e de um inimaginável e remoto passado. Milhões de anos e incontáveis milhões de antepassados trabalharam para este momento, e tu és o cumprimento deste momento. Tudo o que passou não é mais a realidade, e tudo o que será ainda não é realidade. A realidade é este momento. Olhar a vida como se ela fosse mera preparação para coisas futuras é como se não fosses capaz de saborear sua refeição enquanto está quente. Esta é a verdadeira doença de nosso tempo: todos estão em primeiro lugar aflitos com o futuro. Admite-se que as coisas vão muito mal, de modo que todos tentam pular fora delas, e por isso nunca progridem. Desconhecem o fato de que para minimizar a angústia gerada pelas fantasias sombrias acerca do futuro, deve-se tomar cada momento como o momento eterno, como o exato instante para realizar as experiências necessárias à construção da vida, sem antecipar um remoto futuro. O futuro brota sempre daquilo que existe agora, e não poderá ser sadio se brotar de solo mórbido; se somos mórbidos e não percebemos isto aqui e agora, é claro que acabaremos construindo um futuro doentio. Todos nós estamos experenciando as condições históricas atuais. As coisas estão tão difíceis no presente porque vivemos o ontem estatisticamente. Temendo o futuro, paralisamos e criamos expectativas acerca de uma era dourada, de modo que as coisas caminharam de mal a pior. Por conseguinte, na Psicologia, na vida do indivíduo, é de capital importância que nunca pensemos a vida desconsiderando a ação no agora, com a esperança de que algo sobrevenha no futuro sem que tenhamos construído. Esteja certo de que a vida nunca chegará se pensas deste modo. Deves viver a vida num espírito tal que concretizes cada momento o melhor das possibilidades."
Interpretations of Vision, vol. 6, p. 185 Jung.
Tá aí um texto que merece ser apreendido!

terça-feira, 9 de junho de 2009

insegurança

Insegurança é a antecipação do sofrimento.
É a acidez corroendo as raizes do amor. Todo inseguro acreditar ter razão e motivos pela sua insegurança. Neste aspecto, somos muito seguros, temos certeza da volatilidade dos fatos. Do perfume de medo que vem chegando... sentimos o cheiro de longe.
Insegurança mata. Deixa doente. Faz murchar as flores e suga seu perfume.
No momento que deveríamos estar sonhando, realizando... perdemos tempo com a insegurança, com a desconfiança.
Ahh, mas como perceber isso? Como racionalizar um sentimento que confunde? Não é contraditório? Nebuloso... andar na neblina é angustiante, mas não saberia dizer de onde vem a angustia, até que saia da neblina. Talvez seja assim com a insegurança...
De repente, estamos na neblina! Sabemos que alguma coisa mudou, sentimos no ar... mas talvez a neblina esteja dentro da gente. E se não vem ninguém nos dar a mão e nos ajudar a sair de lá, demoramos muito mais para sair...