quinta-feira, 29 de agosto de 2013

sobre criar filhos e a ignorância

Esses dias saiu uma matéria no facebook do estadão apontando que a ignorância é a principal causa da mortalidade infantil. Mais detalhes aqui.
Fiquei pensando bastante no assunto e queria extrapolar a simples "ignorância escolar" digamos assim, pois segundo a pesquisa é o analfabetismo que tem um impacto significativo nos índices de mortalidade. Mas e a ignorância velada? Aquela que consentimos. Essa também me deixa preocupada.

Alguns podem achar que é besteira, que eu deveria me ocupar do meu filho só e pronto. É verdade, até certo ponto... porque o meu filho vai conviver com os filhos das outras pessoas, e dessa forma, o "ambiente" tem uma certa influência no meu filho. Por isso acredito que vale a pena escrever sobre isso que tenho em mente.
Para outros posso parecer insistente ou intrometida, o que também pode ser verdade, mas pode ser também que alguém só esteja precisando de umas poucas informações para começar a pensar diferente, então vou ser provocativa e dizer que se você acha que está fazendo tudo bem na criação do seu filho, pode parar a leitura por aqui.

Isso não quer dizer que vou te apontar o que está errado, porque sinceramente, ninguém teria esse poder a não ser você mesmo de julgar e perceber o que está errado para você. Só quero dizer que, bem, deixa eu parar de enrolar e falar logo.

Em várias ocasiões já disse que a ignorância é uma benção! No caso de partos, quando me tornei vegetariana, ou quando decidi parar de trabalhar para cuidar do meu filho, entre outros. Tudo isso porque quando decidi parar de ignorar as informações que chegavam até mim, eu tive muito mais trabalho! E hoje o que menos queremos ter é trabalho a mais.
O que acontece por exemplo, quando uma mãe resolve não ignorar os benefícios da amamentação e toda aquela história que tentam colocar na nossa cabeça de que não temos leite suficiente (entre outras)? Acontece assim:
"Mas 38 dias, 2 mastites e 230 tentativas depois (obrigada calculadora do mac!) consegui finalmente fazer a Alice mamar no peito."
O engraçado foi que essa mãe, falou da ignorância também:
"Queria eu ser ignorante. Dessa forma, eu não saberia dos benefícios da amamentação, e desistiria logo, e minha vida teria sido bem mais fácil. Amamentar faz bem a todos os bebês, mas o que me impulsionava ainda mais a não desistir é saber como a estimulação dos músculos do rosto e a criação de defesas que o leite proporciona são benéficas para a Alice, sob a ótica da SD."
A Alice tem Síndrome de Down (SD) e conheci sua história no blog que sua mãe tem: Nossa vida com Alice.

Eu tive um problema na amamentação, quando o Dudu tinha 1 ano e 1 mês mais ou menos. Seus dentinhos superiores cresceram e me incomodavam bastante na hora da amamentação, ficava a marquinha até. E digo, o mais fácil para mim teria sido desmamá-lo. Mas vendo a necessidade que ele ainda tem do peito, do aconchego, e sabendo que vai ter vezes que ele ficará doente (como agora) e a única coisa que ele quer saber é peito... como eu poderia desmamá-lo? Busquei ajuda, me informei, tentei várias coisas. Mas não resolveu por completo o problema, então eu percebi que teria que me adaptar caso quisesse continuar a amamentá-lo.
Não sei se já repararam, mas toda caixinha de leite tem um aviso do Ministério da Saúde sobre manter o aleitamento materno até 2 anos de idade ou mais. E porque o governo teoricamente trabalha no sentido da amamentação prolongada e os médicos no sentido contrário, ao introduzir alimentos antes dos 6 meses e ao prescrever complementos? E porque a Sociedade Brasileira de Pediatria é patrocinada pela Nestlé? Não acredita? Olha aqui: http://www.sbp.com.br/ no canto direito superior.
Pode ser "teoria da conspiração", mas porque uma sociedade médica precisa de patrocínio de uma grande empresa produtora de alimentos ditos "infantis" (leia-se leite artificial e papinhas e suplementos entre outras desnecessidades para bebês)? Os médicos não deveriam prescrever o que for melhor para os bebês?
Então, vamos ignorar essas informações e acreditar que o seu leite não é suficiente? Afinal foi o pediatra que disse! Já ouvi inúmeras explicações do porque se está oferecendo complemento ao bebê, mas nunca ouvi até agora ninguém dizendo que o pediatra encaminhou a uma conselheira de amamentação ou a um programa de apoio ao aleitamento materno. Você acha mesmo que um leite industrializado é melhor que o seu?
As pessoas lutam por um emprego com unhas e dentes, fazem das tripas coração para desenvolver um projeto para o trabalho, demonstram garra, coragem, questionam, buscam. Mas na hora que o assunto é o seu filho, confia-se cegamente no médico e rapidamente abandona-se o desejo inicial de amamentar a cria.
É realmente absurdo ter que "lutar" para amamentar. A pressão vem de todos os lados. Por isso, veja bem o que você vai decidir ignorar.

Continuando no tema de o que decidimos ignorar, encontrei esse outro texto em que a autora diz:
"É muito cômodo escolher o caminho fácil quando não temos informação, ou quando elas nos chegam de forma parcial. E naquela época, eu queria me cercar de facilidades."
É um texto bem interessante, sobre quem errou, assumiu o erro e resolveu mudar. Quem quiser ler, está aqui.

E para não me alongar mais, o que quero dizer agora é ainda mais delicado e polêmico: violência infantil.
Quando ouço histórias de crianças que apanharam dos pais na infância, preciso amarrar um monstro dentro de mim para não me deixar dominar pela revolta.


E não, ele não é tão simpático como esse aí do desenho, como podem observar pelo teor dos meus questionamentos.
Antes de começar a ler sobre o assunto eu, na minha ignorância, achava que um tapinha na bunda de vez em quando não fazia mal. Mas depois de conhecer sobre disciplina positiva, depois de me informar sobre as consequências da violência infantil, criação com apego... eu digo: um tapinha faz mal sim.
É bem capaz que se alguém vier me contar de como apanhou na infância eu comece a chorar e tenha sérias dificuldades em olhar para seus pais com os mesmos olhos. O tema me revolta!
Lembro claramente de uma cena quando era criança. Estávamos brincando e uma menina se machucou. Sangrava bastante seu joelho, então falei, vamos mostrar para sua mãe. E ela mais do que depressa, com um olhar assustado diz: não! Ela vai brigar comigo!
Oi?!
Lembro que aquilo me causou uma grande confusão. Por que ela iria brigar com a menina por ter se machucado?? Não me fazia sentido e até hoje não faz... e quantas histórias assim eu já não ouvi!
Por que brigar com uma criança que se machucou, quando o mínimo seria cuidar dela, que, lembrando, é seu filho?!

Um dos argumentos que mais me chamou a atenção quando comecei a ler sobre o assunto foi: se um amigo ou seu companheiro(a) se comporta mal, comete algum erro, faz aquela besteira, você daria "um tapinha" nele para ensinar que isso está errado? É muito provável que não! E por que então é aceito que se faça isso com crianças? Porque elas não conseguem se defender? Porque é preciso "educá-las"?
Que tipo de educação terá uma criança que aprende que ao fazer uma coisa errada o que acontece é uma surra? Será que ela vai reproduzir esse comportamento na escolinha? Afinal "lá em casa é assim"...
Pare um pouco, se coloque no lugar da criança.
No livro Besame Mucho - Como criar seus filhos com amor, o pediatra espanhol Carlos González faz uma reflexão muito interessante sobre o assunto. Recomendo.
Você acha mesmo que provocar o medo (de apanhar, de gritos, de bronca) é a melhor maneira de ensinar o certo e o errado?
Como você faria se fosse um adulto?
"Ah, mas as crianças não entendem."
Tem certeza? E quantos adultos também não entendem e repetem o erro? E você bateu neles por causa disso?
Meu esposo disse uma coisa que tem um certo sentido. As pessoas batem no ímpeto, mas aí aquilo funciona: Dei-lhe um tapinha e nunca mais fez aquilo! Então cria-se um método. Que vai depender de quanto a criança te tira do sério. E de tapinha passa para chinelada, para cintada, e quando se vê, tem crianças sendo literalmente espancadas (sob o manto de proteção da "educação"), por aqueles que deveriam protege-las, seus pais!
Mas tem gente que fala muito melhor sobre o assunto do que eu, por isso vou citá-los.
"Então, se você acha que tudo bem dar palmadas para ensinar (palmadas que assustam, humilham, envergonham e ferem, dia a dia, a autoestima de uma criança); se você acha que tudo bem deixar chorar até dormir (e produzir aflição e sensação de abandono e desamparo em um bebê que acabou de chegar ao mundo e que, tão cedo, está aprendendo que não adianta chamar porque sua mãe e seu pai não o atenderão); se você acha que tudo bem trocar o peito por mamadeira ainda que você tenha total condição de amamentar (deixando de permitir que seu filho se alimente de você e tenha momentos da mais pura intimidade, cumplicidade e conexão); se você acha que tudo bem marcar sua cesariana antes que seu bebê esteja pronto para nascer, se você acha tudo bem tudo isso, saiba: você está no seu direito. Mas isso não faz desaparecer tudo o que sabemos hoje. Isso não anula o futuro. Isso não protegerá seu filho de algo importante: más consequências. Frutos de más escolhas não dele, mas de seus pais." 
E aqui sobre estudos científicos a respeito do assunto. 
"Essa semana foram publicados, no periódico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) os resultados de um estudo que mostra que o bom cuidado materno na infância leva ao aumento de uma estrutura cerebral chamada hipocampo. Estudei bastante as funções do hipocampo em meu mestrado e no meu primeiro doutorado, quando estudei a neurobiologia da ansiedade e da depressão. De acordo com esse estudo, há uma clara relação entre os fatores psicossociais da infância e alterações no tamanho do hipocampo e da amígdala, estruturas cerebrais relacionadas à memória de curto e longo prazo e ao comportamento emocional, respectivamente. Isso mostra que existe, realmente, uma ligação entre as experiências afetivas que a criança vive na infância e a forma como seu cérebro se desenvolve. Os pesquisadores estudaram, por meio de técnicas de neuroimagem que permitem visualizar o cérebro sem procedimentos invasivos, as características cerebrais tanto de crianças em idade pré-escolar deprimidas quanto de crianças emocionalmente saudáveis. E concluíram que o cuidado materno recebido na primeira fase da infância teria, sim, ligação com o tamanho do hipocampo, o que levaria, inclusive, a diferentes padrões de respostas ao estresse. Crianças emocionalmente saudáveis apresentaram hipocampos maiores, quando comparados às crianças deprimidas, e isso pôde ser relacionado ao grau de cuidado materno recebido quando eram menores. Embora quase a totalidade dos cuidadores do estudo tenham sido mães, os autores acreditam que isso possa ser extrapolado para qualquer cuidador que seja o principal responsável pelos cuidados afetivos com a criança (mãe, pai, avós ou outros)."

Teria uma lista de argumentos mostrando as vantagens de criar o seu filho com amor e sem violência. Mas aprendi que muitas vezes de nada adianta vir o próprio Cristo na Terra para nos falar do amor, se não estivermos dispostos a ouvir, como bem cantou Roberto Carlos: Todos estão surdos.


É preciso que a farpa da dúvida nasça no nosso coração para então irmos atrás, desafiarmos nossas ignorâncias, nossos preconceitos, assumirmos o erro das nossas escolhas e possamos então mudar nosso rumo.
Que tanto eu quanto você que me lê possamos apreender isso, sem nunca deixar escapar o amor, a paciência e a compaixão.
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

vocabulário do Dudu

Com 1 ano e três meses o Dudu teve um salto de crescimento notável! Já tenta repetir várias coisas que dizemos e na maioria das vezes sai algo bem engraçado.
Mantendo então o objetivo do blog, vou confiscar algumas coisas antes que elas escapem.

1) minia ( minha): frutos secos em geral, anexa, damasco, mas principalmente uva passa! O menino é viciadão! E pede com mais ênfase quando esta chateado com alguma coisa.
2) cucu, ião, vião: avião. Começou com o cucu toda vez que ouvia o barulho de um avião passando, e nós sempre dizíamos avião, e de uns dias pra cá ele começou com o "vião".
3) pum: sim, ele avisa quando solta pum hahahahah.
4) zizi/sisi: xixi, mas só quando alguém diz, aí ele repete. Ou quando vê a mamã indo no banheiro.
5) coco: mesma história do xixi, só diz depois de ouvir. E às vezes diz cocó.
6) pão: acho que foi uma das primeiras coisas que disse, o piá é apaixonado por pão!
7) mamão: também diz certinho, e quando vê a fruta em outro lugar a reconhece e diz um sonoro Mamão!
8) uva: adora! E as vezes diz repetidamente até ganhar uma uvinha!
9) mamãe: só disse essa palavra a pouco tempo. Antes só sabia dizer papai.
10) papai: acho que fala papai desde os 10 meses!
11) vovó, vovô, com variações de bobó e bobô.
12) peão: essa ainda carece de mais estudos pois diz ela quando quer alguma coisa ( normalmente alguma coisa doce) mas já disse em outras situações também.
13) Cuca: tia Tuca :-)
14) cai: ele chega na beirada da cama e diz "caiii"
15) cuco: suco, principalmente de laranja. Quando pego o espremedor ele já começa a dizer.
16) papá: comidaaaa.  Às vezes diz com uma empolgação que dá gosto!
17) au au: cachorro
18) não, acompanhado com o movimento da cabeça.
19) mamá: mamar no peito. Quando diz isso de madrugada chega a ser bonitinho pois é tão claro, límpido, sonoro, para que não haja dúvida da sua vontade!
20) pitááá: pizzaaaa!! repete quando ouve a gente dizer, e às vezes do nada, tipo pra falar só :P
21) papão: desconfiamos que seja uma mistura de papai com pão.
22) puia: disse uma vez insistentemente enquanto o Júnior tentava ensinar ele dizer manga. Papai: manga. Dudu: puia. E assim foi a tarde, mas depois não repetiu.
23) cóco: papai ensinou ele a pedir colo, então ele chega perto da gente e diz cócooo.
24) pixta: uma vez o Júnior estava assistindo um video do Sena e diz: Nossa, que pista fantástica! E o Dudu repete: pixxxtaaa.
25) chá: depois de ouvir dizermos chá no café da manhã, começou a repetir e pedir também.
26) mão: O Júnior ensinou ele a esquentar a mãozinha na caneca de chá, então ele chega no colo dele de manhã e diz: mão! Que é para aquecer a mão na caneca. E faz uma caretinha tão fofa!!!!
27) pinha: um dia peguei uma pinha para ele no parque e dei para ele por a mão. Mas ele não gosta de jeito nenhum porque espeta. Então quando vamos pra sacada (que é onde a pinha está) ele olha e diz pinhaa, mas não quer pegar.
28) papo: ele ganhou uma pantufa de sapo do padrinho, que adora! Então quando vamos colocar a pantufa do sapo, ele repete o "papo".
29) athru: abre. Ele pega o que quer abrir e começa a disparar o "athru" até que finalmente alguém abra pra ele. Pode repetir quantas vezes forem necessárias.
30) cantoria: pois é, ele tem uma certa inclinação musical. Adora resmungar na sua língua, uma figura!

Acho que era isso! Confiscado :-)