segunda-feira, 7 de julho de 2008

voyeur


Começo me justificando.
Não falo do voyeurismo literal. Falo da arte latente, mania, necessidade de se observar pessoas.
As reações, a alteração da respiração, os pés inquietos, o olhar perdido, as bochechas coradas.
O show e a dor, a identificação, o sentir pelo outro. Apoiar inconscientemente, a coragem e a ilusão de si próprio.
O sorriso perdido na multidão, a humildade da presença. A fé. A hiperatividade e a atitude. Firme, impulsiva, doce, meiga. Opostos.
O bom humor, os detalhes.
O piscar de olhos quando o tempo resolve dar uma trégua e correr mais devagar, por mais contraditório que isso possa parecer.
O caminhar, calmo, compassado, apressado, a corrida.
A pausa para o pensamento, o articular de palavras movendo a engrenagem da imaginação.
A criatividade e a admiração estampados na aura, na penumbra da existência, transbordando, borbulhando fervorosamente.
O cuidado percebido pelo sorriso do outro e a satisfação do bem feitor. A bondade que transparece o bom coração. O amor.
A rotina dos outros e a observação da nossa. O aconchego da segurança e a emoção do inesperado e indefinível, a surpresa inerente da descoberta da simplicidade.
O sentimento de posse, de algo sublime, único, que não vem de fora. A apreensão do que escapa e sempre vai escapar. O tempo em que percebemos tudo isso, as situações, o piscar de olhos, a fluidez, o agora.


arte: http://www.smallstudioproductions.com