segunda-feira, 12 de maio de 2014

sobre o meu dia das mães

Este é o meu terceiro dia das mães como mãe.
O mais consciente desta minha "função" até o momento.
Meu primeiro dia das mães foi alguns dias após o Dudu nascer. Ainda envolvida em trocas de fraldas, choro e amamentação, a data passou sem muito significado ou celebração.
No meu segundo ano, estávamos de mudança para o Brasil, e só me toquei que era dia das mães quando fomos ao mercado e me deram um esmalte parabenizando pelo dia das mães. Cheguei a ficar surpresa com a atitude.
Já este ano, como uma evolução, o dia das mães, como ritual de celebração a esta função, foi mais marcante.
Seja pela homenagem as mães feita na missa que participei no sábado, que me fez chorar, seja pelo presente que meus pais compraram para meu filho me oferecer, e que não pude oferecer em troca. Ou pelo e-mail singelo e tão significativo que meu esposo me enviou.
Ofereço então o acalento das palavras, que não tem preço, mas é o que posso oferecer neste momento de forma mais "concreta".

À todos que participam desta minha caminhada da maternidade...

Pelos marcadores do blog podem perceber que este é um assunto marcante para mim.
E por mais que já tenha escrito algumas páginas sobre isso, o tema é inesgotável.
Percebi que a maternidade é algo vivo, que vai crescendo e se transformando, ao me transformar, ao me permitir me ressignificar.
Entre as muitas mensagens e palavras que li pelo facebook, a que mais se destacou para mim foi a que menciona a mudança que a maternidade faz  na nossa, ou na minha vida.
Digo na minha, pois também li coisas que mostram que a graça de ser mãe não é algo que resplandece em todas as mães. Pois ser mãe é, ou deveria ser, uma decisão baseada em princípio no que ouvimos de nosso coração. Mas com a fluidez do mundo, na grande maioria das vezes não temos essa sensibilidade e cedemos ao externo. As pressões sociais, ao medo de assumir a não maternidade, ao famoso "segura marido", e até a obrigação. Isso, como tudo nessa vida, gera consequências, e surpreendentemente (para alguns), gera mães que não amam seus filhos ou não amam ser mães. Um post interessante sobre o assunto pode ser lido aqui.
Este texto me lembrou um livro que começei a ler pelo tablet mas que não terminei. Chama-se: Um Amor Conquistado: o mito do amor materno de Elisabeth Badinter.
Da parte que li, entendi que a autora afirma que o amor materno não é algo inato, não nasce pronto no mesmo momento que o filho nasce. Isso me custou um tempo a entender, e mesmo não concordando com essa afirmação inicialmente, continuei a ler o livro. Depois que entendi em partes o que a autora queria dizer, não voltei a ler o livro, mas agora me surgiu a vontade de terminar a leitura. E hoje posso dizer que concordo com ela. O amor materno não nasce com o filho. É algo que vai crescendo, nos transformando, e tudo depende de inúmeros fatores, formando a rede da complexidade das relações e do mundo. Para mim, o que me influencia muito em meu maternar é a relação que tenho com minha mãe. Como ela e meu pai me criaram, os valores que me passaram, as oportunidades que me proporcionaram.
Me lembro de uma situação que me ensinou como devemos buscar coerência.
Eu estudava em um colégio que tinha uma proposta sócio-construtivista de ensino. Na aula de artes a professora havia pedido durante a avaliação para criarmos um desenho usando formas geométricas. Eu, com toda minha habilidade artística, criei meu desenho, que recebeu nota 3 pela avaliação da professora. Minha mãe, achou incoerente aquilo, pois ao pedir que a criança criasse um desenho, como deveria ser a avaliação? Não deveria contar apenas se o desenho havia sido feito conforme as instruções do exercício: usar formas geométricas? E isso eu havia feito. Por que então uma nota tão baixa?
Para alguns o fato aqui pode parecer ser apenas pela nota, e por muitos anos fui julgada em meu percurso acadêmico por questionar os professores o porque de determinadas notas nas avaliações.
Mas o "buraco é mais embaixo", e esta atitude questiona muitas coisas entre elas o próprio sistema de avaliações que deveria em última instância avaliar quanto o aluno aprendeu e auxiliá-lo a guiar seus estudos tentando aprender o que faltou. Essa sempre foi a minha intenção. Ver o que eu tinha aprendido de errado.
Isso fez uma diferença tão grande na minha vida... Me permitiu criar coragem para olhar para meus erros e também desenvolver uma disposição de corrigi-los e aprender com eles. Não apenas na escola, mas também em todos os outros aspectos da minha vida.
A influência das mães em nossas vidas pode ser edificante, como foi a da minha, mas também pode ser devastadora, mudando para sempre o rumo e o coração de uma pessoa. Mudanças tão profundas, que muitas vezes nem chegam a consciência, de tão dolorido que isto se torna. Acredito que não podemos julgar certas atitudes que sofremos ao convivermos com outras pessoas, pois é impossível saber pelo que elas passaram e como reagiram por aquilo que passaram.
Para estas situações, o sentimento que me parece ser o melhor a se fortalecer é o da compaixão. Por mais difícil e as vezes, até injusto que se possa parecer.
Após toda essa reflexão, espero ter expressado, confiscado, mais uma infinita parte do significado de ser filha, de ser mãe em minha vida.
Gratidão eterna a todos!


Foto de: O Mundo de Gaya

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