quarta-feira, 3 de junho de 2015

Laura Gutman me salvando

Li esse texto e foi um alívio. É essa a sensação que tenho quando alguém materializa o que eu sinto ou senti e não conseguia explicar.
Por isso quero transcrevê-lo aqui. Se puder ajudar mais pessoas vai ser ainda melhor <3
Os grifos em negrito são originários do próprio livro. O sublinhado é meu mesmo.

Uma visão feminina da paternidade.
Por Laura Gutman, do livro: Mulheres visíveis, mães invisíveis. Pág. 133 e 134.

Esses não são tempos fáceis para os homens ou para as mulheres. Nós conquistamos o mundo masculino e os homens perderam suas identidades históricas. Serão necessárias algumas gerações para que possamos voltar a nos situar em um mundo sem regras fixas.
A paternidade também deixou os homens deslocados. Há um aparente consenso a respeito dos pais modernos que trocam fraldas, que brincam com as crianças ou que ajudam nas tarefas domésticas. E não muito mais.
No entanto, ser mãe ou pai é, sobretudo, abandonar os interesses pessoais e se colocar a serviço do outro - de maneira interamente altruísta. A mãe sustenta o filho e o pai sustenta a mãe. Pelo menos é isso o que existe dentros dos padrões da família nuclear, que está longe de ser o ideal para a criação dos filhos.
No entanto, as mulheres costumam confundir o "apoio emocional" que recebem com a "ajuda concreta para a educação do filho". São duas situações muito distintas. Uma mãe sustentada poderá sustentar a criança. Uma mãe desamparada se "afogará em um copo d`água". Sentindo-se solitária, pedirá qualquer coisa, a qualquer momento e nunca ficará satisfeita, mesmo que o homem tente banhar a criança, leve-a para passear ou acorde à noite para acalmá-la. Então o homem ficará desconcertado e não saberá mais o que fazer para tranquilizá-la.
É ótimo que o pai troque uma fralda. Mas a condição fundamental para um funcionamento familiar equilibrado é a de que desempenhe o papel de esteio emocional da mãe. Não é necessário que mergulhe no redemoinho emocional, porque esta não é sua função. Ao contrário: é necessário que alguém mantenha sua estrutura emocional intacta e se precoupe com o mundo material para que a mãe não se veja obrigada a abandonar o mundo emocional no qual está submersa. O pai não tem que maternar - tem que apoiar a mãe para cumprir seu papel de maternagem. 
Tenho duas sugestões a fazer aos homens emocionalmente amadurecidos: antes de sair para trabalhar de manhã, faça duas perguntas à sua mulher: "Como você está se sentindo?" e "O que você precisa hoje de mim?" É muito simples.
A maioria dos homens retoma suas atividades profissionais, toma banho, faz a barba todas as manhãs, engole o café e sai exatamente na mesma hora de sempre, "como se nada tivesse acontecido". E, da mesma maneira, acha que nada do que aconteça quando estiver ausente lhe diz respeito, e que sua mulher, eficiente como sempre, conseguirá se virar sozinha com o bebê. É uma ideia falsa. Deveria alterar sua rotina? Não. Entretanto, deveria perguntar à mulher o que precisa dele hoje, aqui, agora.

                        _________________________________________________________ 

É um trabalho de equipe... O pai abandona-se em função da mãe, que abanonda-se em função do filho... Colocando-se ao serviço do outro, a mais sublime forma de expressão do amor. 

Confiscado! 

Nenhum comentário: